Mutilados em fábrica de calçados
Instalada há 11 anos em Itapetinga (sudoeste baiano, há 562 km de Salvador), a fábrica de calçados da Azaleia, sob gestão da Vulcabrás desde 2007, é um caso emblemático envolvendo acidentes de trabalho. A situação dos trabalhadores baianos foi tema de uma reportagem no Domingo Espetacular da Rede Record, no dia 14 de março de 2010, após denúncia de que mais de 80 empregados sofreram mutilações nos membros superiores em decorrência de acidentes de trabalho.Os funcionários alegam que a empresa não promove treinamento adequado para a utilização das máquinas e equipamentos
de trabalho e, quando
ocorrem acidentes durante o serviço, o próprio trabalhador recebe a culpa pela
ocorrência, retirando toda a responsabilidade do empregador.
O Sindicato dos
Trabalhadores de Indústrias de Calçados do Município de Itapetinga e região,
ratifica as informações ao declarar que cerca de 80 ex-funcionários da fábrica
têm de conviver com uma dura realidade: a mutilação de partes dos dedos, mãos e
até do braço como conseqüência da precarização do trabalho.
A empresa não reconhece os
números apresentados pelo sindicato e alega que foram 44 trabalhadores
mutilados nosúltimos dez anos. De acordo com a empresa, a taxa de acidentes com
mutilações caiu nos últimos dois anos, em relação aonúmero de funcionários.
Atualmente existem 12.334 pessoas trabalhando na unidade de Itapetinga,
praticamente o dobrodo que existiam antes da aquisição pela Vulcabrás.
Azaléia: Condições desumanas
Foram mais de 80 trabalhadores com dedos, mãos e braços mutilados nos
últimos anos. São dezenas de vidas mudadas para sempre devido a esses acidentes
e representantes da fábrica ainda cometem o desatino de dizer que os
trabalhadores se mutilaram para buscar indenização.
Genilson Souza Santos
Funcionário vítima de acidente de trabalho
Funcionário vítima de acidente de trabalho
A minha função era talonador e medidor de sola. No dia que eu fui
acidentado, o coordenador me tirou de meu trabalho para que eu fizesse a função
de um colega meu que não tinha ido trabalhar. Quando eu peguei no solado a
máquina foi e amputou meu braço. Hoje eu não continuo trabalhando com máquina,
mas depois que retornei para a empresa depois do acidente eu ainda trabalhei
oito meses com máquina. O coordenador ameaçando que tinha que dar produção do
mesmo jeito que os outros funcionários davam. No dia que eu falava que não ia
fazer a função eles me davam suspensão e mandavam ir para casa. Eu entrei na
justiça mas até agora não recebi nada. O advogado da empresa alega que fui eu
que coloquei o braço dentro da máquina porque eu quis, atrás de indenização.
Agora imagine se uma pessoa vai querer colocar o braço na máquina para ficar o
resto da vida mutilado, sabendo que é uma coisa que vai perder e não vai voltar
nunca mais.
Edson Silva Souza
Funcionário vítima de acidente de trabalho
Funcionário vítima de acidente de trabalho
Eu deixei de fazer as minhas coisas em casa. Hoje eu moro com meus pais.
Eu lavava minhas roupas, arrumava a casa e hoje eu não consigo fazer mais nada
disso por causa da minha mão. Mal consigo escrever. Isso é muito triste por
tudo que fiz pela empresa e hoje ela não reconhece o meu problema.
Ariston Moreira
Funcionário vítima de acidente de trabalho
Funcionário vítima de acidente de trabalho
Eles me mandaram dar uma manutenção nas máquinas, só que eu não tinha
experiência. Chegou lá eu falei que não ia fazer porque estava no horário de
almoço, mas eles disseram que eu tinha que ir porque eu era mecânico. Aí ele
chegou e disse que ia ligar para o meu gerente geral. Aí o que aconteceu. Eu
fui. Cheguei lá, a máquina estava cheia de corrente e cabo de aço e quando eu
fui tirar ela desceu de vez. Aí foi quase duas horas para me atender para me
levar para o hospital em Itabuna.
Vulcabras/Azaleia
chega à marca de acidente zero na Bahia
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Data: 16/11/2011 / Fonte:
Vulcabras/Azaleia
Itapetinga/BA - A Vulcabras/Azaleia,
maior fabricante de artigos esportivos da América Latina e maior empregadora
do setor no continente, com 40 mil empregados, comemora a importante marca de
acidente zero em sua maior unidade, em Itapetinga, no sudoeste da Bahia.
Desde a aquisição da Azaleia pela Vulcabras, houve redução de 94% no número
de ocorrências com trabalhadores na unidade baiana conforme índices
demonstrados abaixo, que conta atualmente com 18 mil colaboradores. Para
chegar nesta meta, a empresa investiu cerca de R$ 20 milhões na área de
segurança no trabalho, saúde e meio ambiente com a implantação de um
novo modelo de gestão de SMS - Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Os índices alcançados nos anos de 2010 e 2011 estão bem abaixo dos índices de acidentes de trabalho do setor calçadista do estado da Bahia, que é de 12,39 acidentes por cada 1.000 funcionários, e para o segmento calçadista brasileiro, que é de 7,24 (INSS/2009) no mesmo índice, conforme último dado disponível. "A empresa investiu na massificação da cultura de prevenção da Política de Segurança. A equipe de técnicos de segurança do trabalho realiza diariamente palestras de conscientização em segurança. Somente entre 2010 e 2011 foram registradas cerca de 10 mil palestras", diz o engenheiro de Segurança do Trabalho Emílio Frota, gerente SMS.
Investimento
em proteção de máquinas e equipamentos
A Vulcabras/Azaleia elaborou projetos de Engenharia de Segurança do Trabalho, através de APR (Análises Preliminares de Risco), e de inspeções de segurança, para a implementação de proteções e dispositivos no maquinário das fábricas. Foram investidos R$ 10 milhões no reforço da segurança de cerca de 10 mil máquinas e equipamentos. Além disso, foram estabelecidos procedimentos operacionais específicos para as atividades, dentro dos padrões técnicos da nova NR 12 (norma regulamentadora do Ministério do Trabalho) e de normas técnicas nacionais e internacionais voltadas para a área de segurança do trabalho. Aumento no número de profissionais das áreas médica e de segurança A empresa quadruplicou o número de profissionais do SESMT - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho, com uma estrutura acima da exigida pela NR 4. A equipe passou de 20 para 78 profissionais exclusivamente dedicados à segurança e saúde, entre engenheiros, médicos, enfermeiras e técnicos. Somados ao grupamento de bombeiros civis, serviço social, odontologia do trabalho e meio ambiente, o número chega a 150 profissionais dedicados à melhoria contínua da política de SMS. Entre as ações do SESMT estão o monitoramento e antecipação dos riscos existentes no ambiente de trabalho, por meio de controles específicos e da proposição de medidas preventivas, utilizando ferramentas gerenciais embasadas nas normas regulamentadoras, tais como as OSS - Ordens de Serviço de Segurança, APR - Análise Preliminar de Risco e Permissões de Trabalho - PTs, Checklist de Máquinas e Equipamentos, IS - Inspeções de Segurança e AIS - Auditorias Internas de SMS. Cultura da prevenção Foram investidos R$ 8 milhões em equipamentos de proteção individual e coletiva, entre 2008 e 2011. Além disso, a capacitação dos funcionários foi intensificada. Em 2010 foram 889 treinamentos operacionais; e este ano já são 903 treinamentos, totalizando nos últimos 18 meses 1.684.640 horas de treinamento operacional, somando 386.833 frequências de colaboradores. Em paralelo, a empresa realiza treinamentos de segurança e DDSSMA - Diálogos Diários de Segurança, Saúde e Meio Ambiente, onde nos anos de 2010 e 2011 foram 13.000 treinamentos, com 367.105 horas/homem de treinamentos. "Todos os colaboradores são treinados e capacitados a executarem uma verificação diária em seus equipamentos antes do início das atividades. São realizadas inspeções das condições de operacionalidade e de segurança das máquinas e equipamentos, bem como o preenchimento do checklist básico de segurança, o que totaliza cerca de 10.000 máquinas/equipamentos inspecionados diariamente, gerando um quantitativo de 30.000 checklists básicos de segurança/dia (nos 3 turnos). O procedimento é de alta importância, visto que nesta inspeção o colaborador pode constatar se o equipamento em que ele irá operar está dentro dos padrões de segurança", explica o engenheiro de Segurança do Trabalho Emílio Frota, gerente de SMS. Responsabilidade social Nos últimos 18 meses foram realizadas ações em todas as unidades da empresa, voltadas ao desenvolvimento da saúde do colaborador, totalizando 38.585 funcionários envolvidos, com um total de 77.170 horas de treinamentos. Através do programa de inspeção de saúde ocupacional voltado para os trabalhadores da produção, os médicos do trabalho realizam periodicamente inspeções em áreas produtivas, identificando e sugerindo melhorias para neutralizar ou eliminar os riscos existentes. Foram realizados cerca de 22 mil exames periódicos e 47 mil audiometrias, além do Programa Indústria Saudável, em parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI), no qual 4.600 colaboradores foram avaliados com o objetivo de se obter um diagnóstico sobre as condições de saúde dos colaboradores. A empresa também realizou diversas ações sociais beneficiando cerca de 15 mil pessoas carentes do município de Itapetinga e toda a região do sudoeste da Bahia, principalmente com doações de cestas de alimentos, calçados e outros artigos de primeira necessidade. |
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