quinta-feira, 3 de setembro de 2015

OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA NO BANCO DOS RÉUS


OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA NO BANCO DOS RÉUS
 Por: Carlos de Almeida Carvalho.


 ENGENHEIRO DE OBRAS PRONTAS - ENGENHEIROS DE PAPEL.
 – Na engenharia, desde os alunos calouros, aos engenheiros formados e experientes, estas expressões são usadas para qualificar o engenheiro que, normalmente, trabalha em atividades administrativas internas e não nos canteiros das obras, ou chão de fábrica, mas quando por algum motivo visitam esses locais fazem comentários do tipo: “aquilo poderia ser melhor assim”; “aquela parte poderia ter ficado de outra forma”; e outros comentários afins. O engenheiro de verdade, que passou pelas dificuldades com: mão de obra, subempreiteiros, qualidade de materiais, custos etc. então diz a frase do início. Para saber se um país forma muitos “engenheiros de obras prontas” ou “engenheiros de papel” é só verificar o número de pessoas que ostentam diploma de engenheiro e o número de patentes de produtos úteis, que melhoram ou facilitam a vida das pessoas, que aquele país tem registrado. – Por aqui, de papel higiênico a carros, passando por todas as atividades somos dominados por empresas multinacionais, que produzem aqui produtos desenvolvidos em outros países, e pagamos “royalties”, por isso. Os engenheiros empregados nessas empresas são apenas tradutores, copistas e adaptadores dos produtos. Criação mesmo, quase nada, salvo a Urna Eletrônica. Em matéria anterior divulguei, nas redes sociais, uma análise do “Guia de Aplicação da NR33”, divulgado pelo Ministério do Trabalho que leva a confusão sobre a calibração dos detectores de gás. Ele foi consultado por pessoas ligadas a entidades civis de normalização e, então, recebi por e-mail o comentário que segue: (xxxx)0 Assunto: Matéria sobre NR 33 Escreveu: Prezados, Boa tarde, Faço parte do comitê técnico de química do (xxxx) 1 , sou avaliador especialista para medidores e detectores de gás do (xxxx) 2 , e estamos desenvolvendo um documento padronizado para calibração de detectores e medidores de gases. Neste comitê onde a responsável é (xxxx) 3 representante da DICLA, participam a maioria dos fabricantes, laboratórios Acreditados, fabricantes de misturas gasosas, e todos os especialistas da área de medidores e avaliadores do (xxxx) 4 , além dos profissionais do (xxxx) 5 . Seria necessário o responsável pela matéria se atualizar buscando as referências faltantes sobre o assunto, como por exemplo, a politica de transição NIT-DICLA-030, e as revisões da maioria das legislações que tem como objetivo cuidar não somente de espaços confinados, como também a segurança do meio ambiente e da saúde como um todo. Faltou citar que o material de referência citado, a partir de agora deverá possuir um qualidade tal, que nem a própria White Martins, Cal Gas e a Air Liquid não tem condições de fabricá-los. Em um trabalho conjunto inclusive com o Coordenador Geral de Normalização e Programas (xxxx)6 , em Brasília, estamos buscando soluções para melhor garantir as condições de rastreabilidade e qualidade, pois só assim poderemos ter certeza que um instrumento como citado em sua matéria realmente poderá ter uma vida útil de sensor de 2 anos ou menos, e ainda garantir a qualidade do material utilizado para o teste de resposta para realmente o usuário decidir pela entrada ou não. Outro equívoco em sua matéria, calibração é a comparação direta com material de referência primário, utilizando técnicos altamente treinados, avaliados e aprovados por um órgão federal, e com resultados emitidos com um nível de confiança de 95% acompanhado pela sua devida incerteza de medição, com o objetivo de garantir as condições metrológicas do sensor, como estabilidade, linearidade, repetitividade entre outros, diferentemente do teste de resposta que é uma verificação intermediária definido pela portaria 163, exigida pela própria NR 33 onde o objetivo é garantir unicamente o funcionamento do sensor. A questão não é a politica do lobismo, mas entender e saber aplicar a legislação vigente, que por hora e por levantamento estatístico do próprio apenas 35% das empresas aplicam corretamente defendendo seu empregado e pensando na proteção da vida do ser humano. Esta matéria será enviada para o comitê técnico no (xxxx) 7 para analise e futuros comentários.” Notas: Omitiu-se os nomes de pessoas e entidades, pois aqui a preocupação é com os fatos e não com as pessoas. (0) Nome da pessoa que redigiu e enviou o “e-mail”; (1) Nome do órgão do comitê citado; (2) Nome de organismo onde é “avaliador”; (3) Nome da pessoa responsável pelo comitê; (4) Nome de mais um órgão; (5) Nome de um Ministério; (6) Nome do órgão da administração pública federal; (7) Nome de organismo que abriga comitê citado. O não iniciado ou apenas usuário de detector de gás pode até aplaudir, pois pensará que contará com mais uma norma para dar mais confiabilidade nos procedimentos e na segurança dos trabalhos em espaços confinados e em outras tarefas em que o detector de gás é utilizado para tomada de decisões. Mas, o “iceberg” só mostra 1/3 de sua realidade, branca, clara, e esconde o grande perigo que foi responsável pelo mais famoso acidente naval já ocorrido. Para entendermos é interessante que se conheça a história recente, da evolução dos detectores de gás; evolução desenvolvida em países sérios, por “engenheiros de verdade”; baseadas em constantes pesquisas, junto a empresas usuárias, que relatavam suas dificuldades no uso desses aparelhos; e com isso os fabricantes foram aperfeiçoando os produtos até chegar ao nível de facilidade, conforto e confiabilidade dos detectores atuais. Participaram, também, ativamente, os “engenheiros de verdade” dos fabricantes de sensores e de misturas gasosas. Estou na área de segurança do trabalho desde setembro de 1972, e muita coisa vi. Quando trabalhei numa empresa de energia elétrica (1978/81), as equipes de manutenção da distribuição subterrânea não contavam com detectores de gás como os atuais; pois apenas existiam os chamados “explosímetros”: grandes, pesados, complexos e imprecisos. Passados anos (1989), fui, então, trabalhar na venda de detectores de gás, que já eram menores; pesavam apenas 1 quilo e detectavam os quatro gases mais comuns em ambientes confinados dos subterrâneos das cidades: oxigênio, monóxido de carbono, gás sulfídrico, e inflamáveis. De 1989 até os dias atuais consegui acumular muita experiência em vender, calibrar e fazer manutenção em detectores portáteis, bem como em detectores fixos que vendi e passei semanas instalando e calibrando, embarcado em plataformas de produção de petróleo. De início os detectores apresentavam grandes “ranges” de medição, o que dava a impressão de que eram de boa qualidade, mas ao contrário, isso levava ao consumo rápido e prematuro do eletrólito dos sensores, que dificilmente alcançavam um ano de uso. - Com o tempo a experiência de uso e acompanhamento dos engenheiros de verdade, os fabricantes desenvolveram sensores de melhor qualidade, e detectores que administram o sinal proveniente dos sensores, interrompendo a eletrólise quando alcançam determinado nível, para proteger as células, contribuindo para o aumento da vida útil. Com isso, hoje em dia temos fabricantes de detectores com garantia vitalícia da eletrônica e dois anos de garantia para os sensores. Os detectores portáteis, para os quatro gases mais comuns: Oxigênio – O2, Inflamáveis – LEL – Monóxido de Carbono - CO e Gás Sulfídrico H2S, possuíam amplitudes enormes; por exemplo: O2 de 0 a 35% “linear”; CO de 0 a 1000ppm, e H2S de 0 a 500ppm. Parece que havia uma competição entre os fabricantes, que queriam encantar os usuários, com a ideia de que maior amplitude, “maior qualidade do detector”, até que um fabricante ousou em limitar a amplitude e proteger o sensor, dando-lhe maior vida útil e garantia de no mínimo um ano. A calibração dos detectores também não era simples, e poucas pessoas conseguiam realizar; a maior parte nas oficinas dos distribuidores, depois de muita leitura do manual e ensaios, e às vezes até com treinamento no exterior, nas dependências do fabricante. A calibração, também, não era simples e direta, como atualmente. A calibração de O2 feita com o ar atmosférico, como atualmente, mas para os demais gases eram necessários dois cilindros de mistura: um com uma mistura de Metano – CH4, CO e balanço em ar sintético; outro com H2S e balanço em Nitrogênio – N2. Encomendava-se as misturas, com os valores recomendados pelo manual do detector, e quando se recebia os cilindros via-se no relatório de análise, a coluna dos valores requisitados e os valores reais alcançados na elaboração da mistura, que era feita em cada cilindro de volume hidráulico de 1 litro, em balança de precisão molecular, mas a pesagem de mol, em pequenas quantidades era muito difícil, o que gerava, então, a diferença entre o requisitado e o fabricado. – Então se acertava o detector para o valor real da mistura e fazia-se o procedimento de calibração. Depois do O2, feito com a atmosfera ambiente, acoplava-se o cilindro com CO e LEL, até que o detector alcançasse os valores do cilindro, admitida variação de 5% para mais ou para menos. Em seguida acoplava-se o cilindro contendo H2S. Ao término o equipamento era dado como calibrado e se emitia o Certificado de Calibração. A necessidade de se ter dois cilindros, como descrito, é que o H2S, em presença do O2 não era estável e por isso precisava estar em atmosfera inerte. Já o CO era indiferente ao O2 A dificuldade era tanta, que nos países de primeiro mundo, “engenheiros de verdade”, se preocuparam e fizeram inúmeras experiências, e conseguiram desenvolver um detector que controlasse a energia nos sensores, bloqueando a eletrólise em valores que não consumissem, desnecessariamente, a carga das baterias e os eletrólitos dos sensores eletroquímicos. – O funcionamento de cada tipo de sensor, já expliquei, em outra matéria, intitulada “Sobre Calibração RBC – Leia com atenção e tome a decisão correta!” – Assim os sensores passaram a ter amplitude baixa, mas totalmente dentro dos padrões de segurança e sem sofrer saturações, que diminuíam em muito a sua vida útil. Por outro lado, os “engenheiros de verdade” dos fabricantes de gás, investiram no desenvolvimento de uma mistura que pudesse reunir todos os gases num único cilindro; e uma das maiores marcas conseguiu e patenteou o segredo. Com isso pode, então, ao invés de produzir a mistura, para cada pequeno cilindro, individualmente, fabricar em grandes quantidades; tanques, de forma que trabalhando com quilos, e não com peso molecular, consegue produzir a mistura com os valores requeridos e depois envazar em pequenos cilindros. E o Brasil passou a importar tais misturas em cilindros descartáveis. Aqui, analisou-se a mistura e imaginara que poderiam envazar da mesma forma, em cilindros retornáveis, o que baratearia a mistura e teriam o mercado nas mãos. Pensou-se que o segredo do não decaimento do H2S, nos cilindros importados se dava ao valor do O2 presente, que não era o 20,9%, mas sim 15%; então se copia. Não deu certo; o gás sulfídrico decaia, e na análise encontrava-se umidade. Passou-se a processos de secagem dos cilindros, que demorava muito e consumia nitrogênio; ao invés de baratear o processo ficou mais caro. – O que os “engenheiros de verdade”, americanos, de sua vasta pesquisa, juntamente com os “engenheiros de verdade” dos fabricantes de sensores e detectores, aliados aos “engenheiros de verdade” dos consumidores concluíram é que a umidade presente nos cilindros não estava lá e por isso não era responsável pelo decaimento do H2S, mas era consequência desse decaimento. O cilindro de alumínio, ao ser manuseado, recebia descarga elétrica proveniente do corpo da pessoa, através das mãos, e o hidrogênio, da molécula de gás sulfídrico, se combinava com o oxigênio e gerava a umidade, provocando o decaimento da molécula de H2S. O que o fabricante da mistura que resolveu o problema fez foi um revestimento interno dos cilindros, que isolasse eletricamente a mistura da parede de alumínio do cilindro, que passou a ter estabilidade por mais de 2 anos. Já em cilindro de aço não ocorria o decaimento. Eis aí mais um ponto de pesquisa para engenheiros de verdade. Assim, a “engenharia de verdade” conseguiu simplificar os processos, inventou os sensores “plug in” e as estações de calibração, e hoje em dia os detectores de gás são concebidos para não mais precisarem retornar a oficina ou qualquer “laboratório”, para calibração, apenas retornam se apresentarem defeito. Há fabricante que, em alguns modelos, dá garantia vitalícia da parte eletrônica do detector. Toda essa evolução a favor de que mais empresas consigam proteger seus funcionários com diminuição de custos. Dessa maneira cada vez mais trabalhadores estão mais bem protegidos. Afinal aprendi que a melhor segurança é aquela que protege favorecendo a produtividade. Na América do Norte, Europa e Austrália a evolução já contempla sistema em que as empresas não mais compram detectores, contratam o serviço de informação sobre os ambientes com risco de vazamento de gases, ou seja: o fabricante de detectores coloca tantos quantos detectores são necessários ao perfeito funcionamento da empresa, disponibiliza estações de verificação e calibração, e toda vez que o detector é colocado nessa estação, ela faz um diagnóstico de todo o equipamento e se algum problema com a eletrônica, ou com os sensores, ou com a calibração, essa estação automática indica que o detector deverá ser enviado para manutenção enquanto o fabricante dispara outro em perfeito estado, para substituí-lo. A empresa usuária fica livre do trabalho de administração da frota de detectores. Além disso, disponibiliza, em espaço privado na Internet, toda informação sobre o uso, as concentrações de gases detectadas e alarmes; além de estatísticas especiais sobre o uso e alarmes em segmento similar da empresa contratante, que não precisará usar horas valiosas de profissional de segurança, para administração da frota. Empresa com muitos detectores, como uma siderúrgica que possui 1200 desses equipamentos, não tem custos adicionais nem pessoas dedicadas em cuidar só de detectores, o fabricante toma conta de tudo; a única atividade é remeter o detector. Para facilitar a vida das empresas é que os engenheiros de verdade desenvolveram os produtos que estão atualmente no mercado. – Por outro lado, qualquer um lendo o manual, com cuidado, consegue realizar todas as operações sem erro, pois os equipamentos não aceitam o progresso das operações, se a anterior não estiver correta; mesmo a calibração. Hoje é o que chamamos “detector à prova de burro”, mas, infelizmente, não são à prova de “engenheiros de papel”. Mas o que tudo isso tem haver com o e-mail que recebi, mencionado no início? Como já mencionado, aquele e-mail é uma crítica à matéria que escrevei, intitulada “Sobre Calibração RBC – Leia com atenção e tome a decisão correta!”. O “escriba” se apresenta como “especialista em detectores e medidores de gás” e que participa de um comitê normativo que pretende elaborar uma norma brasileira de calibração de detectores e medidores de gás. Bem, sobre detectores de gás estamos tratando desde o início desta, e sabemos bem o que significa. É um equipamento que fica ligado em alerta, para detectar, na atmosfera, a presença de um gás que lá não deveria estar. Caso esse intruso se apresente, o detector deve alarmar e as pessoas deverão, de imediato, abandonar o ambiente. Simples assim. Já medidor de gás pode ser interpretado de dois tipos: o apenas medidor, que tem a função de medir a quantidade de gás que flui por uma linha, em geral com a finalidade de medição fiscal, como é conhecido a medição para efeito comercial, que deve ser precisa, pois envolve pagamento, e nesse caso um metro cúbico não pode ser 0,9 m3 nem 1,1 m3 . São equipamentos eletromecânicos, que não reconhecem o gás que está sendo medido; quem faz a medição deve saber bem o que está fazendo. Há, também, o medidor de gás, com a finalidade descobrir que gás está presente ou analisar a pureza, ou ainda determinar a quantidade desse componente numa mistura ou num produto; são os analisadores de gás que em alguns casos são conhecidos como cromatógrafos. Esses equipamentos sim devem ser muito precisos, pois não podem levar a confusão de que existe um gás e na realidade há outro, que a quantidade presente, por exemplo, compondo um medicamento está correto, o que pode indicar um remédio válido ou não; que um produto químico, como uma tinta, está bem formulado; que produtos de higiene, limpeza e cosmética estão de acordo com a formulação, que as misturas de calibração desenvolvidas, antes do envasamento nos cilindros comerciais estão com os valores requeridos. Os analisadores são dedicados e tem a responsabilidade, por exemplo, de verificar a pureza do oxigênio que será fornecido aos pacientes de um hospital. Então os medidores e analisadores de gás precisam de uma precisão incomparável e devem ser objeto de estudos que garantam sua precisão, para que os produtos sejam os mais confiáveis. Por exemplo, os combustíveis quem movimentam nossos carros, devem ser objeto constante de avaliações precisas, pois algum miligrama a mais ou a menos de um componente pode alterar a temperatura de combustão e prejudicar o motor, ou o rendimento ou o consumo. Já a respiração humana é bem flexível. O ar tem, normalmente, 20,9% de O2, mas nossa respiração aceita variações, de 16% a 23%, sem que haja danos a saúde. A norma de Espaços confinados admite que um trabalhador possa estar em serviço com o oxigênio deficiente em até 19,6%, ou em enriquecimento até 22,9%. Caso esses valores sejam ultrapassados, o detector de gás deve alarmar, mas isso não significa que o trabalhador esteja em grave e iminente risco de vida, esses valores foram determinados para permitir que haja segurança para o “auto resgate”, que é o próprio trabalhador abandonar por si mesmo o espaço confinado. Em países da Europa o valor é 18%. A respiração humana começa a ficar muito desconfortável com menos de 16% de oxigênio, e com início de prejuízo fisiológico, a 12% de oxigênio. Outros valores para a segurança de Espaços Confinados: Monóxido de Carbono – CO 200 partes por milhão – ppm, nos Estados Unidos, 400 ppm em alguns países da Europa. Isso porque em 400 ppm, uma pessoa, respirando por alguns minutos, poderá ter uma pequena dor de cabeça. Nos Estados Unidos país mais preventivo, que deseja nem uma dor de cabeça no trabalhador, dividiu o valor por 2 e então fixou em 200 ppm. No Brasil, por um artifício da NR-15, o valor teto, para alarme de CO é 58 ppm. – O H2S – Gás Sulfídrico, segundo a NR 15 tem como valor teto, com que deve ser configurado o alarme do detector, 16 ppm. O valor de alarme para os gases inflamáveis é 10% do Limite inferior de Inflamabilidade – L.I.I., ou L.E.L. da expressão em Inglês Low Explosion Limit. Os valores acima estão na NR-15 e na NR-33, mas com base na experiência e referências de longos anos de estudo, levados a efeito pelos “engenheiros de verdade” fora de nosso país. Algumas adaptações foram feitas, em função da natureza tropical de nosso país. O uso de valores acima dos estabelecidos pala NR-15 são ilegais, mas abaixo, cada empresa pode adotar o que mais lhe convier. Com esses valores em mente é que se pode comentar, que equiparar o Detector de gás a um analisador ou medidor, é uma posição estúpida, digna de “engenheiros de papel”. Já comentamos que os analisadores e medidores precisam ser precisos, até mesmo para analisar com precisão a mistura gasosa que será usada na calibração dos detectores. Assim se conclui que o que esse comitê quer é tumultuar o que está dando certo, e incorporar um procedimento arcaico e caro, com vistas a preservar ganhos de laboratórios e empresas de gás. – E por que isso? O valor IPVS – Imediatamente Perigoso a Vida e à Saúde, para o H2S é 300 ppm. Para o Monóxido de Carbono o valor IPVS é 1200 ppm. Levando-se em conta que as misturas de gás admitem uma precisão de 5%, para mais ou para menos e que os detectores podem apresentar um desvio em fundo de escala, de 5%, para mais ou para menos, e se somarmos esses desvios teremos que os alarmes podem ocorrer no máximo a 63,8 ppm para o CO, bem longe do risco à vida; já o H2S poderá alarmar com no máximo 17,6%, também muito longe do risco; o oxigênio, que é calibrado com o ar atmosférico poderá ter apenas 5% da incerteza do detector, e o alarme de Inflamabilidade poderá ser em 9% ou 11%, ao invés de 10%, o que não implica em nenhum grave e iminente risco de explosão; nem mesmo uma atmosfera com o hidrocarboneto Octana, com L.I.I. de 1%, não explodiria caso estivesse, com o erro a mais, com 0,11% na atmosfera, e mesmo que esta estivesse enriquecida com mais 3% de oxigênio, o que aumenta o risco em 50%, então teríamos 0,11% + 0,05% = 0,16% do L.I.I. da Octana, nenhum risco. - (Há uma falha, proposital, nessa última colocação; descubra!). Com esses diversos estudos os engenheiros de verdade chegaram à qualidade e praticidade dos detectores atuais, que vêm, pelo mundo, evitando muitos acidentes em espaços confinados. Mascarados na aparência de que pretendem uma melhor prevenção de acidentes, pois conforme relata no e-mail, apenas 35% das empresas aplicam as normas de segurança corretamente, um pequeno grupo de interesseiros, sediados em São Paulo, quer fazer valer, para todo o Brasil, uma norma absurda, complicada, que aumentará a burocracia e custos das empresas. Imaginem uma empresa na Região Norte do Pais, que adquiriu toda a facilidade dos atuais sistemas de detecção de gás, ter que enviar, sistematicamente, para a Região Sul, para cumprir uma burocracia que não agrega nada em termos de qualidade preventiva. Temo e dinheiro jogados fora. Sem esse absurdo, pelo contrário, cada vez mais empresas poderão se enquadrar bem nos princípios de segurança se eles forem facilmente aplicáveis, e contribuir para a produtividade. Os acidentes em espaços confinados, que atualmente ocorrem, não são por “calibração imprecisa” dos detectores, mas pelo total desconhecimento da norma, ou falha no plano de segurança. Outro grupo que, também, faz imagem no processo, são os “auditores”, que as empresa para que obtenham ou mantenham alguma certificação; qualidade, segurança, responsabilidade social etc. – Pelo mundo, auditor é um profissional qualificado, que faz inúmeros cursos e se prepara tecnicamente, para interpretar um ambiente, um processo etc, durante a auditoria; aqui, é trabalho de quem está temporariamente sem emprego, que pega uma planilha pré- elaborada por engenheiros de papel e sai ticando item. Pergunte a um auditor se ele sabe o que significa a expressão: BR Ex ia d IIC T4 (Tamb. -20°C a + 50°C) IP66/7. Na realidade o que o auditor deveria verificar é se o sistema de detecção de gás de um programa de Espaço Confinado, ou de liberação de trabalho a quente, é verificar se, como a NR-33 especifica, se é realizado o teste de resposta, e se o detector estiver “descalibrado”, refazer a calibração, seguindo os procedimentos do manual do usuário; então a empresa deverá apresentar, no mínimo, um cilindro de gás com mistura válida, um regulador de vazão, que não precisa ser certificado, pois os detectores admitem uma amplitude, ou uma estação de calibração automática, que faz tanto o teste de resposta, como a calibração. Já, como as empresas de certificação, por questão de economia, admitem pessoas, alguns engenheiros e de papel, para realizar esse serviço, eles não tem a capacidade de solicitar que se faça na sua frente um procedimento, para certificar. O que eles deveriam fazer é saber que marcas e modelos de equipamentos há na empresa a ser auditada, providenciar um manual dos equipamentos e acompanhar o passo a passo dos procedimentos, pois cada marca e modelo possui seu procedimento, desenvolvido por engenheiros de verdade, para proporcionar o melhor resultado, com a maior facilidade e menor custo. Então criar uma norma de procedimentos de calibração é querer interferir no desenvolvimento tecnológico e regredir ao tempo em que cada sensor era calibrado individualmente, com cilindros e reguladores independentes, pois um regulador contaminado com gás sulfídrico não pode ser usado com outros gases. Lembro-me de uma conhecida, “B.A.”, formada em administração de empresa, com ênfase e experiência em recursos Humanos, que durante um período de desemprego conseguiu, pela influência do marido, estar numa grande empresa de Classificação de Risco e Certificação, e embarcava em unidades de produção de petróleo, com uma lista de verificação, sem bem saber o que estava fazendo. Perguntei-lhe sobre a verificação dos detectores de gás, disse que apenas conferia se existiam; nada mais. E assim liberava a continuidade de funcionamento de uma plataforma de petróleo, como quem libera o funcionamento de um posto de gasolina. Enfim, a intenção dos “engenheiros de papel”, envolvidos nesse projeto é a vaidade de ter o nome envolvido e mencionado em algum documento que servira de ampla utilização, já que nas empresas em que trabalham não contribuem para nada melhorar, e por não fazerem falta por lá são designados para essas pequenas comissões, e por um lado os “engenheiros de papel” ativos, dos laboratórios e das empresas de gás, querem abusar da ignorância dos profissionais de segurança e de qualidade, e com isso obterem lucros fantásticos. Por exemplo: uma empresa de gás pode ganhar 100 mil vendendo 1000 cilindros, mas pode ganhar o mesmo 100 mil vendendo 200 cilindros, caso uma norma regressiva como a proposta venha a ser aprovada; mas o mercado precisa consumir os 1000 cilindros, então ganharão 5 vezes mais. – Por outro lado, como afirmado no e-mail, os três grandes fabricantes de gás do mundo não terão capacidade de produzir padrões adequados aos que serão especificados na futura norma; então como se poderá cumprir a tal norma? – Isso contribuirá ainda mais para que a NR-33 seja deixada de lado e mais pessoas morram, e apenas os profissionais de segurança estarão no banco dos Réus. – Mas essa máfia tem tentáculos nos órgãos oficiais e pretende modificar a NR-33, para oficializar sua malfeitoria. – Creio que haverá um fluxo de gases importados, nos padrões primários, indispensáveis, para certificação de remédios e outros produtos, e que os procedimentos de calibração retornem aos primórdios: com a calibração individual de cada sensor, demorado e caro, para manter a renda de laboratórios que não querem perder com a modernidade. Afinal existem alguns milhares de medidores de gás e muitos milhares de detectores de gás sendo usados; o mercado é grande. – Se hoje uma calibração de detectores 4 gases custa por volta de 15 Dólares, se vingar o projeto da “máfia da calibração”, isso passará para uns 50 Dólares. Então quantas empresas mais farão corretamente os trabalhos em espaços confinados? - Isso me lembra de quando a troca de informações de dados, entre as empresas era feita pelo Telex – criado por engenheiros de verdade de outros países, é claro. As operadoras de telecomunicações tinham um mercado diferenciado, com serviço a preços diferentes de uma simples chamada telefônica, e muito ganhavam com isso. Quando surgiu o FAX - criado por engenheiros de verdade de outros países, é claro, - que no mesmo protocolo de voz, era possível enviar dados de imagem, algumas operadoras passaram, à noite, ligar para os telefones das empresas, e se ouvissem sinal de Fax, bloqueavam a linha, ou multavam, pelo conservadorismo, próprio dos engenheiros de papel; era a guerra contra a modernidade, mas isso não vingou. Depois descobriram que as empresas gastavam mais pulsos telefônicos com a mesma infraestrutura, e o serviço de transmissão de imagem se popularizou aumentando a base de consumidores, muito mais do que quando havia o Telex. E agora temos a Internet - criada por engenheiros de verdade de outros países, é claro, - que já quase suprimiu totalmente o Fax. – Outro episódio, mais recente, dos engenheiros de papel, está relacionado à proibição, nos carros brasileiros, do uso nos faróis, de lâmpadas de xênon. O Brasil está, no mundo, no sexagésimo lugar em educação, mas, nossos engenheiros de obras prontas, ou de papel, se consideram o máximo e gabaritados para analisarem e avaliarem as criações dos engenheiros de verdade, formados nos países que estão entre os dez melhores de educação, e que criam coisas, que geram rendimentos de patentes para sua nação, e o que é melhor, são bem melhor classificados em segurança do trabalho, com destaque a segurança em espaços confinados. Nos episódios citados acima, a modernidade venceu, porque os consumidores a quiseram, porém no caso da calibração dos detectores de gás, essas “burocracias” encontram eco nos engenheiros de papel das empresas consumidoras, que colocam esses absurdos em seus planos de segurança. Os Detectores de gás são, também, largamente usados em naus bélicas: submarinos, fragatas e porta aviões. Caso a Máfia da calibração logre sucesso, imaginem um submarino que por meses executa missões em alto mar, tendo que suspender uma missão, porque os detectores estão “descalibrados” e não podem usar o sistema de calibração automático disponível, pois precisam ser levados a um laboratório que atenda aos anseios de ganância dos engenheiros de papel, deixando o invasor tomar conta da costa, por causa de um absurdo e desnecessário papel. Acidentes em Espaços Confinados podem ocorrer, mas nunca por responsabilidade de um detector de gás de boa qualidade, porque os Engenheiros de Verdade os desenvolveram para verificarem em 100% do tempo, as condições da eletrônica, e se algo errado com ela aparecer o detector alarma; verificarem todo o tempo a carga da bateria, e quando houver apenas 10% restante, ele alarma, para que seja substituída; medir em tempo integral o sinal dos sensores e se algum perder um dos dois pontos de calibração ele alarma; ainda existe o alarme “cão de guarda”, que a cada 15 segundos avisa ao usuário que o detector está funcionando bem. Os engenheiros de verdade abrem a mente para criar produtos e serviços que atendam, de forma cada vez mais fácil e econômica, a maior parte da humanidade, já os de papel fazem o caminho reverso, focam no que pode dificultar, com a desculpa de garantia de qualidade; quanto mais piorarem a vida mais ganhos alcançam. Estudem, pesquisem, questionem a tudo e a todos, inclusive os “auditores de papel”. Enfim, se nada for feito pelas associações, sindicatos, federações de profissionais de segurança e empresas que não querem ser exploradas por um anunciado cartel de laboratórios, teremos, em breve, mais uma OBRA DE PAPEL, dos “ENGENHEIROS DE OBRAS PRONTAS”. Termino deixando aqui um DESAFIO aos membros dessa comissão mafiosa, para que provem que um detector calibrado num Laboratório RBC, e/ou com gás MARCIANO da máfia, com padrão parte por bilhão - ppb é mais eficiente do que um calibrado nas estações automáticas desenvolvidas pelos engenheiros de verdade, e caso esse duvidoso ganho de segurança exista, se compensa o aumento de preço que o serviço sofrerá; e isso porque estamos tratando, ainda dos quatro gases mais comuns; pois os custos serão estratosféricos quando, então, se tratar dos gases chamados exóticos: Cloro, Amônia, Gás Cianidrico, Dióxido de Enxofre, Dióxido de Nitrogênio, Fosfina etc.

Um comentário:

  1. Você não sabe o que diz.
    Não tem competência para ser acredditado e fala mal do órgão regulamentador do país.
    Acha mesmo que você está certo e mais de 88 países que compõem o acordo de reconhecimento mútuo do ILAC e ainda, que a norma NBR ISO/IEC está errada?
    Você não sabe o que é qualidade...

    Att,

    Eng. Rafael

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